quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Avaliação em educação de Infância...algumas considerações

Avaliação em Educação de Infância ... algumas considerações



No decurso da nossa actividade profissional somos confrontados com exigências inerentes ao desenvolvimento da profissão. São esperadas competências concretas sobre as quais devemos reflectir permanentemente, no sentido de questionar, reorganizar, reformular, para intervir perspectivando uma educação de qualidade.


Uma destas competências concretas é a capacidade de avaliar, expressa nas Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (1997, pg. 27): “Avaliar o processo e os efeitos, implica tomar consciência da acção para adequar o processo educativo às necessidades das crianças e do grupo e à sua evolução.” e igualmente explicitada no Decreto-Lei n.o 241/2001, de 30 de Agosto - Perfil Específico de Desempenho Profissional do Educador de Infância, II, ponto 3, alínea c): “Avalia, numa perspectiva formativa, a sua intervenção, o ambiente e os processos educativos adoptados, bem como o desenvolvimento e as aprendizagens de cada criança e do grupo”.


Assim, a avaliação, tem que ser um reflexo do processo educativo adoptado, ou seja, ela constitui um dos componentes do desenvolvimento curricular e exige competências essenciais dos profissionais de educação, nomeadamente:

-saber o que se quer avaliar, definido com o máximo rigor;
-encontrar critérios de avaliação;
-recolher dados, elementos concretos e posteriormente analisá-los, compará-los e discuti-los;
-tirar conclusões claras, que encaminhem para a reformulação com qualidade das práticas.

Para o desenrolar deste processo é necessário não “perder de vista” os principios curriculares que adoptamos, o conhecimento que temos da comunidade em que desenvolvemos a nossa actividade,...


Avaliar pressupõe uma atitude de sistematicidade, pois não basta ter uma “impressão geral” de como ocorre o desenvolvimento de uma criança, do processo de ensino-aprendizagem, da relação com as familias; é necessário intervir, observar, recolher informação, reflectir sobre ela, rever o processo para modificar e alargar. A avaliação deve ser encarada como um sistema em si mesma, na medida em que é constituida por um conjunto de elementos que são interdependentes:

CONTEÚDO: O QUE QUEREMOS AVALIAR?


-O processo de ensino - aprendizagem.
- A prática educativa
- O desenvolvimento das capacidades das crianças


OBJECTIVO: PARA QUÊ AVALIAR?


- Assinalar o grau em que se vão alcançando as diferentes capacidades.
- Orientar as medidas de reforço ou as adaptações curriculares necessárias.
- Contribuir para melhorar a actividade educativa e servir de ponto de referência na planificação e desenvolvimento dos processos de ensino - aprendizagem.


CARACTERISTICAS: COMO AVALIAR?


- A avaliação será global, contínua e formativa.
- Sem carácter de promoção nem de classificação da criança.


TEMPO: QUANDO AVALIAR?


- Avaliação inicial.
- Avaliação contínua.
- Avaliação final.


TÉCNICAS: COM O QUE VAMOS AVALIAR’


- Escalas de observação.
- Registos.
- Diários de classe.
- Outros: entrevistas, assembleias, trabalhos,...


CONSEQUÊNCIAS: UTILIDADES DA AVALIAÇÃO


-Ajustar os processos de ensino - aprendizagem.
- Modelar a prática curricular.

Gostaríamos, ainda, de referir alguns dos aspectos que o educador deve avaliar:

A - O PROCESSO DE ENSINO

Organização da sala e relação educador/aluno
Qualidade da relação com os pais
Atenção à diversidade das crianças
Cooperação com os docentes do 1.o Ciclo
Aproveitamento dos recursos

B - O PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Avaliação do grau de desenvolvimento e das aprendizagens
Avaliação das ideias
Avaliação do grau de assimilação dos conteúdos

C - O PROJECTO CURRICULAR

Adequação de objectivos gerais às caracteristicas das crianças
Adequação das medidas de adaptação curricular adoptadas para as crianças com necessidades educativas especiais
Idoneidade da metodologia assim como dos materiais curriculares e didácticos empregados
Validade da sequência dos objectivos e conteúdos

D - O CONTEXTO NA COMUNIDADE

Caracteristicas da comunidade
Caracteristicas da criança no meio envolvente
Caracteristicas socio-culturais, económicas e familiares

Conscientes de que o processo de avaliação é exigente e complexo, sugerimos que se encontrem espaços e tempos de discussão, onde sejam partilhadas as diferentes experiências e formas para avaliar. E que sobretudo, construamos, em equipa, entendimentos que encaminhem para uma avaliação de qualidade e rigor, que só assim será necessáriamente formativa.


“Avaliar exige a capacidade de auto-ctritica, de trabalho em equipa, de confronto, de objectividade, de rigor. Exige profissionalismo.”


“Avaliar é uma atitude enquanto predisposição para rever e reprojectar.” (Moita, 1987).



Bibliografia consultada:


-MOITA, M.ª C. (1987). “O Acto Pedagógico e a Avaliação.”. Cadernos de Educação de Infância, n.º 3. Lisboa. A.P.E.I. (Associação de Profissionais de Educação de Infância).


SILVA, M.ª I. L. (1997). “Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar”. Lisboa. Editorial do Ministério da Educação.


-ZABALZA, M.A. (1987). “Áreas, Medios y Evaluación en la Educación Infantil”. Madrid. Narcea, S. A. de Ediciones.



Carmen Pilré
Educadora de Infância
Docente na Escola Superior de Educação de Portalegre

2 comentários:

  1. A Avaliação, em especial a auto avaliação constitui um instrumento precioso para reflectirmos, analisarmos e reformularmos o nosso trabalho pedagógico. Mas este processo deve ser constante, intemporal, interdisciplinar e evolutivo.não deverá ser nunca um processo estanque, fechado, limitado.

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  2. Amiga, não podia deixar de comentar:
    Como salienta Luckesi (2002, p. 175), é importante que o foco da avaliação esteja "na sua função ontológica (constitutiva), que é de diagnóstico", pois a avaliação "cria a base para a tomada de decisão, que é o meio de encaminhar os atos subseqüentes, na perspectiva da busca de maior satisfatoriedade nos resultados".
    Realizar discussões e reflexões sobre a avaliação e seus instrumentos deve ser uma constante dentro do processo educativo. O professor deve não somente questionar-se quanto aos trabalhos empreendidos neste assunto, mas também repensar na sua atividade educativa.Neste ponto, Vasconcelos (1998, p. 83) destaca seu desejo em ver a avaliação servir "para que o professor capte as necessidades do aluno em termos de aprendizagem, e/ou as suas próprias necessidades em termos de ensino", além de visar "outras necessidades relacionadas à escola, ao sistema de ensino, à sociedade", visando sua superação.
    Além disso, a avaliação é elemento que indicará a qualidade da aprendizagem e, mais do que isso, resultará na eficiência do processo educativo, na formação de pessoas, transformação de valores, implementação de comportamentos éticos, com responsabilidade profissional e social.Beijinhos.

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